domingo, 30 de agosto de 2009

Sinceramente, hein?

Perguntaram a ele o que ele era "exatamente".
Mas era tão claro o que ele era. Pelo menos acreditava que fosse. Mas mesmo assim ele se definiu, da forma que sabia: "Não sei o que eu sou. Exatamente".
Por mais que a resposta parecesse descabida, desleixada ou vazia, era verdade. Não a verdade que procuramos como derradeira, como modelo máximo de racionalização, como advogada da ciência ocidental, amém. Era apenas uma resposta sincera.
Mas sinceridade nunca convenceu ninguém. Se assim fosse, seriam perdoados os que se arrependem sinceramente, quando se encontram com a lâmina fria da morte ou com a certeza do erro. Não que tenham se arrependido pela consciência de que seus feitos fossem "ruins" - lembrando que ruim e bom são conceitos construídos socialmente e historicamente, ok? - não, geralmente se arrependeram sinceramente pela vontade de viver, de não morrer (que obviamente não são a mesma coisa), ou pelo desejo de ter de volta algo irremediavelmente perdido.
E sinceramente?
Sinceridade nunca deu dinheiro.
Nem melhores amores.
Nem melhores dias.
E sou sincero quando digo isso. E por isso, ganho o que devo ganhar por ser sincero, um grande "cara como você é babaca".
Porque sinceridade é isso rapaz: ser babaca, ser tolo.
Ser sincero mesmo, é ter coragem de ofender primeiro.
Não perca a próxima oportunidade de ser sincero: se for comentar este texto, cuspa o veneno.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

13

O relógio bate 13 vezes . É hora de quê, afinal de contas?
Dos meus 13 melhores sonhos, guardo 13 pequenos tesouros.
Das 13 verdades derradeiras, sobraram 13 mentiras bem contadas.
Das 13 batidas do relógio, só ouvi a 13ª, as outras vinham do meu peito.
Dos 13 sorrisos mais quentes e confortantes, o seu não está. Ele não pode ser numerado ou nomeado.
13 passos adiante. 13 passos para trás. Fico no mesmo lugar. Só porque você está aqui.
Das 13 possibilidades, escolho todas as 13, porque não quero perder nada.
Já é hora. Hora dos 13 fantasmas assombrarem.
13 metros de corrente me prendem aos meus 13 medos. 13 metros é mais do que o suficiente para te alcançar.
Já é hora. 13 minutos para você decidir.
13 oportunidades para você desistir.
13 motivos para sermos nós mesmos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Um com nada

Só mais um. E no final, é isso que somos, só mais um.
Perdidos, desorientados, procurando incessantemente por razões na vida, somos apenas um.
Somo um com tudo, com todos, uma legião caminhando em conjunto, encorajando e freando uns aos outros, somos apenas um.
Nos inventamos, nos destruímos, nos reciclamos, num balé frenético, mas incrivelmente sincronizado... odioso em seu caos, mas de beleza e harmonia hipnotizantes, somos um só corpo.
Destino? Não, não acredito.
Inevitável? Apenas aquilo que não se pode controlar, nossas vidas, nossos planos, que se desfazem em nossas mãos, se desmancham nos nossos sonhos inocentes.
E somos um com tudo, um com nada.
Frustrante? Não, não acredito. Mágico? Talvez... mas mais do que isso, apaixonante, não é?
Dança comigo nessa coreografia caótica? Vem, porque a música uma hora pára, e dançar sem música nem rola...