segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

bate bola

O Corinthians foi campeão ontem. Confesso que torci um pouco, a despeito do jogo ter sido ruim pacas, o título foi legal.
Não sou grande fã de futebol de fato. Seria incapaz de dizer nomes de jogadores de qualquer escalação. O texto não é sobre isso.
Após o fim do jogo a câmera filmou alguns torcedores. Muitos deles choravam. Choravam de alegria, presumo.
Isso me deu uma certa angústia. Quero dizer, nunca chorei de felicidade, não que eu me lembre. Em eventos "grandiosos" da minha curta vida, nunca chorei de felicidade:
Passei no vestibular em uma faculdade pública. Nada
Me formei. Nada.
Passei em um concurso público. Nada.
Passei em outro concurso público. Nada.
Comprei um PS3. Nada.
Desbloqueei meu Ps3. Nada.
Joguei Mortal Kombat 9... nada...
Enfim... brincadeiras a parte, nunca senti a emoção que aqueles torcedores sentiam... e bem, nem é algo deles mesmo, manja? Eles não ganharam nada, o time ganhou e tal... mas eles de alguma forma absorveram aquilo com uma vitória "deles".
Não quero parecer elitista nem nada. É só uma constatação. Gostaria de sentir essa alegria em momentos pequenos, em conquistas que sequer são nossas de fato.
Hum... acho que eu sou muito egótico para isso talvez... ou talvez não saiba aproveitar essas "pequenas grandes" alegrias da vida, né?
E olha que o jogo foi ruim, hein?


domingo, 13 de novembro de 2011

the end....?

Um novo velho amigo me disse, aliás mais de uma vez, que o bom não é o fim, mas a sua espera. Uma adaptação da máxima popular "o bom não é a festa mas os preparativos".
Durante muito tempo desejamos o fim. Eis que o fim é tão somente ele: o fim.
Durante quase dois meses desejei com toda a minha vontade acabar o treinamento, acho que não somente eu, acho que muitas pessoas assim o quiseram. Queria começar minha nova rotina, minha "nova" vida.
Eis que minha nova vida se desenrola... e aí sinto falta do café da manhã rabugento, do almoço corrido, do truquinho... sinto falta das pessoas que nem faziam diferença para mim, sabe? Sinto falta dos novos velhos amigos que fiz.
Se pararmos para pensar a vida tem um destino único: o fim.
E a graça está em viver, né? É o processo, o preparativo para festa... trágico? Nem é.
Porque fazer uma festa é tipo uma festa, né não?

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Da costela

E quantas vezes o tomaram por tolo?
Figura mirrada, pequena... sua timidez se compara a seu físico.
Sorriso de canto de boca, sorriso enigmático: sorriso de Monalisa. Sorri para os outros ou faz graça deles?
E quantas vezes o tomaram por ingênuo.
Discreto e silencioso, observa sempre. Matuta.
E quantas vezes surpreende?
Ser ou não ser não é uma questão. Porque nasce costela e é costela. E assim diz Shakespeare, que fala do Hawaii ou de Bauru, tentando dar significado a um espaço ilusório e transitório.
E se engana quem acha que é carne de pescoço, ou de costela. É filé-mignon.
E não é para fazer sentido. Não é para ter muitas palavras, porque é taciturno.
Só umas palavras a um amigo que surpreende. Sempre.

domingo, 23 de outubro de 2011

Bye bye

Ontem fiz uma fogueira para lá de simbólica.
Empacotei minhas coisas, mudança. Sou péssimo com isso. Odeio mudar. Qualquer coisa, mudar de casa, de emprego, de roupa, de cabelo, de humor. Odeio mudar. Gosto de padrões, gosto de rotina. Por quê? Porque é previsível, oras.
Ignorando meu lado esquizofrênico, as pessoas que me conhecem sabem que eu sou, voltemos ao papo da fogueira.
Empacotei muita coisa. Sobraram muitas coisas. Papéis da faculdade, trabalhos, textos, contas da outra casa, papéis que, se eu precisasse procurar, nunca os encontraria. Queimei-os. Me desculpem os defensores da camada de ozônio.
Enquanto o fogo crescia, devorando letras, entortando folhas de papel, observei com certo contentamento o evento. Me sentia bem por destruir coisas de um passado que... bem... passou, oras bolas.
E não me senti mal por isso... com exceção da camada de ozônio, isso não foi legal. Me senti bem porque o passado está aqui, minhas desventuras na faculdade, minhas dificuldades financeiras e emocionais vividas na outra casa, meus anos passados aqui em Marília, tudo isso está aqui, no peito e na cabeça. Mas elas precisam estar só aqui, e em nenhum outro lugar.
Abandono Marília, após tantos anos, tantas risadas, após tantos amigos, tantos inimigos, jogatinas, bebedeiras, brigas, conciliações, noites insones, dias preguiçosos, almoços de domingo, aniversários, achados e perdidos.
Abandono Marília. E a levo no meu peito.
Sentirei falta de você, cidade com cheiro de biscoito. Mas te carrego no peito. E as folhas que queimaram levaram só o meu medo de ir. A fumaça branca que subiu, as cinzas que dançaram ao vento, me espalharam por todo lugar. Agora sei que todo lugar pode ser minha casa.
Até mais Marília de Dirceu. A gente se vê por aí!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Talk, talk, talk

Uma chuva mais barulhenta do que refrescante caiu esta noite. No telhado de zinco gotas explodiam querendo ser notadas. Todos queriam ser notados, de uma forma ou de outra.
Cada aparelho de celular tocava uma música diferente, se entrelaçando com a canção caótica da chuva, se perdendo em línguas e dialetos conhecidos por poucos, talvez por ninguém. Talvez houvesse comunicação, talvez empatia, talvez amizade, mas certamente solidão.
E de cada boca jorravam palavras que até formavam frases, certamente lógicas, mas que nunca tocariam o sentido que gostariam de representar: as palavras morriam no desespero de sobreviver, de respirar... morriam antes de serem entendidas.
Cada qual tentou se fazer entender. Cada qual tentou se entender. Até a chuva parou para tentar ouvir e entender. Cansou e voltou a chover.
E em meio à torrente incompreensível de enigmas e frustrações nasce confiança. E é irônico. Porque a confiança não precisa de língua alguma para se fazer entender.




domingo, 2 de outubro de 2011

A good man

Algo o prendia ao chão. Não saberia dizer quando recebeu os seus grilhões, aquela culpa e ressentimento, não saberia sequer dizer quem o amarrou. Pior, não saberia dizer qual crime cometera.
Mas estava preso. Em fato, não saberia dizer se algum dia foi livre. As marcas das correntes em seu corpo eram tão antigas quanto ele próprio.
Nunca soube sonhar e voar, como um pássaro no céu imaculado.
Sempre rígido e fixo, como as suas promessas, como os seus deveres.
Se levantava como ídolo para os outros, mas sempre se sentiu um pária.
Sempre representou, nunca foi.
E quando o libertaram não soube o que fazer com tantas possibilidades. Não soube voar. Sonhou pesadelos.
Então se deixou prender novamente. Agora sabia quem o prendera - seus desejos - sabia qual o seu crime - o medo.
E se tornou um ídolo de resignação.
E foi lembrado da forma que nunca quisera:
Ele era "um bom homem".

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Haunted

De frente para o hotel tem uma construção antiga, bem velha. O tempo castigou a alvenaria que, desbotada, ostenta sua idade sem muito orgulho. Um bar fica aberto em horários não muito regulares, entoando músicas de amores fracassados ou hits do momento, embalando casais formados por poucos reais, casais que deixarão de existir em minutos.
Sobre o bar uma série de janelas cobertas por cortinas coloridas escondem lares, famílias.
Em uma delas, a de cortina vermelha, mora um cara. Ele trabalha no calçadão, em uma loja de bijuterias, tem duas crianças, um casal, entre 4 e 7 anos talvez. Eles têm um gato amarelo que passeia pela janela de vez em quando. Vez ou outra uma brasa arde na janela, arremessando cinzas no ar. Vez ou outra ele grita com as crianças. Vez ou outra ele aparece com cara de cansado na janela.
Ele parece um fantasma, um recorte de papel voando ao redor de todo mundo. Alguém nota sua existência? Na perenidade da vida, alguém nota alguém?
No nosso egoísmo rotineiro não percebemos o outro. Sequer nos importamos se a pessoa que passa por nós todo dia, no mesmo horário, é alguém de carne e osso. Tomamos café da manhã no mesmo horário, almoçamos no mesmo lugar, tomamos o mesmo elevador... um teatro mal assombrado.
Nos julgamos de carne e osso, mas nós somos fantasmas uns dos outros. Recortes de papel voando para lugar algum, que só se percebem quando se tocam.
Olhe ao seu lado. O que você vê?


Ps. Eu não sou psicopata. Eu apenas gosto de observar. E tenho imaginação fértil. Apenas isso. Ok?
Ps2. É sério, eu não sou psico.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Muito tempo fora de casa.

Estranho como o tempo passa e não passa, né?
Sempre reclamamos que as coisas demoram para acontecer, que demoram para se resolver, que demoram para se desenrolar... mas quando percebemos estamos com 25, 30 anos, e ainda estamos com expectativas de 10, 15 anos atrás...
Passa e não passa.
Passa porque a máquina da vida não espera.
Não passa porque sempre são as mesmas paradas.
Passa porque nosso tempo em terra é curto para tantas possibilidades.
Não passa porque a gente sabe que não vai dar tempo de ser o que a gente quer, e quer ser aqui e agora.
Passa e não passa.
E essa efemeridade assusta, e essa constância incomoda.
E o tempo em vida é curto, mas o desenrolar é longo.
E a vida é curta mas a morte é eterna.
Só pensei no tempo porque estou quase nos 30, e isso é estranho.
Alguém conhece Come Clarity do In Flames? Ouve lá e me diz o que você acha.
Nada com nada, tudo com tudo.
Não sei o que isso quer dizer. Acho que é muito tempo fora de "casa", muito tempo no hotel.
Tempo com tempo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

The first and the last

Ela foi o primeiro amor.
O primeiro beijo.
Dele foi o primeiro eu te amo.
Foi para ela o seu primeiro sacrifício.
Ele sempre era o primeiro a pedir desculpas.
E ele foi o primeiro.
O primeiro a se levantar no domingo preguiçoso.
O primeiro a abraçar no desespero.
O primeiro a sorrir na desesperança.
O primeiro a ligar na saudade.
Mas ela sempre foi a primeira a dizer que eles não estavam bem.
A primeira a mentir sobre o que estava errado.
E ele foi último a saber.




quarta-feira, 13 de julho de 2011

Só para tirar a poeira dos teclados.

Fiquei a tarde inteira pensando em escrever um ensaio em sociologuês sobre o poder de anulação de um uniforme, hierarquia, personificação de cargos públicos... mas acabei desistindo. Talvez adiando.
Me perdi pensando em um monte coisa, pensar é uma coisa natural quando se está demasiado ocioso. E olha só, sou um pequeno funcionário público, com merda nenhuma de função e tempo demais para pensar. Me perdi pensando, e me encontrei em um quarto ligeiramente abafado pela noite quente mariliense. Me faz companhia um gato (sim, um animal) de 7 quilos e pouco, um tanto quanto carente, que faz parte da minha vida há algum tempo. Talvez eu não saiba com precisão o tempo, eu não sou muito bom com datas.
Datas se perdem na minha cabeça como idéias. Eu até esqueci sobre o que eu estava escrevendo e esqueci sobre o que eu queria escrever.
E é assim. A gente esquece.
Mas vez ou outra se lembra. Um flash, um blink, e olha ali... está ali. Do seu lado novamente. O quê? Eu não sei. Mas vez ou outra vem. E vai. E volta.
Sabe, grandiosidade nunca foi comigo, manja? Quando era criança até sonhava em ser alguém famoso. Nos meus sonhos de adolescência talvez ser um grande músico, um grande autor quem sabe, mas ser uma grande pessoa algumas vezes me contentou.
E às vezes eu me pego mentindo para mim mesmo, dizendo que não me importo mais com isso. Acabei de fazer isso, né?
Acho que me importo. Talvez todo mundo se importe, é uma constante da nossa sociedade, né? Algo como um "sucessômetro", uma barrinha amarela que sobe e desce, conforme os aplausos da galera.
A grama do vizinho sempre é mais verde, né não? O sucessômetro dele sempre está mais cheio. A platéia sempre aplaude ele.
O gato dormiu. Embolado nele mesmo, para ele. Ignorando minha existência. E eu disse que ele era carente? Acho que não. Talvez eu seja, não é mesmo? Talvez nós sejamos, projetando nos outros o critério para o nosso sucesso.
Queria dormir, embolado em mim mesmo, para mim mesmo. Mas eu sempre durmo esticado, de braços abertos.
Me perdi novamente. Mas logo eu me encontro em outro flash. Em um quarto abafado, ou sob a sombra de uma árvore, vestindo um uniforme que esconde meu rosto e me vincula à um cargo que não diz nada a ninguém.

Só para tirar a poeira dos teclados. Logo eu posto algo com sentido. Prometo.

Tá, não prometo que vai ter sentido, mas logo eu posto outra coisa então.