Algo o prendia ao chão. Não saberia dizer quando recebeu os seus grilhões, aquela culpa e ressentimento, não saberia sequer dizer quem o amarrou. Pior, não saberia dizer qual crime cometera.
Mas estava preso. Em fato, não saberia dizer se algum dia foi livre. As marcas das correntes em seu corpo eram tão antigas quanto ele próprio.
Nunca soube sonhar e voar, como um pássaro no céu imaculado.
Sempre rígido e fixo, como as suas promessas, como os seus deveres.
Se levantava como ídolo para os outros, mas sempre se sentiu um pária.
Sempre representou, nunca foi.
E quando o libertaram não soube o que fazer com tantas possibilidades. Não soube voar. Sonhou pesadelos.
Então se deixou prender novamente. Agora sabia quem o prendera - seus desejos - sabia qual o seu crime - o medo.
E se tornou um ídolo de resignação.
E foi lembrado da forma que nunca quisera:
Ele era "um bom homem".
Um comentário:
Parece que não vale mesmo a pena ser um "bom homem"...
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