Um ninho. Papéis, roupas, fósforos, uma embalagem de preservativo. Era um ninho.
Incomum apenas o local. Bem em frente da loja, na “varandinha”. Me sento no canteiro que fica no canto da varanda. Acendo um cigarro enquanto espero a chave da loja chegar.
Cara, um ninho. Bem ali. Observando, vejo muitos fósforos. Entre os papéis, duas agendas telefônicas. Algumas folhas rasgadas, de uma revista “orientada para o público masculino” , colorem o chão com tons cor de pele. Uma calça jeans forrava o ninho.
O dono de uma loja ao lado passa, estou tragando o final do cigarro. Penso alto comigo, “um ninho de gente!”. Fico consternado com minha descoberta digna de um documentário sobre animais da BBC.
“Vixi, e essa sujeira?”
“Pois é....”
“Mancada. Por que os caras fazem isso?”
“Deve ser fantasia sexual: fazer sexo como mendigos na frente de uma loja qualquer. A classe média, e média alta, como nós, têm esse hábito de desenvolver válvulas de escape para compensar as frustrações cotidianas. Algumas vezes estas válvulas se manifestam na forma de representar e praticar o coito.”
“Como?”
“Se você come? Não sei, mas ali alguém comeu, provavelmente.”
“Do que você tá falando?”
“Não sei.”
É claro que sei. Acendo mais um cigarro. Aquela estaca de culpa social atravesa o peito. Por um instante, ouço aquela voz de narrador de documentário falando: “algumas vezes esses misteriosos animais aparentam sentir culpa e remorso”.
Cara, era um ninho de gente.
Incomum apenas o local. Bem em frente da loja, na “varandinha”. Me sento no canteiro que fica no canto da varanda. Acendo um cigarro enquanto espero a chave da loja chegar.
Cara, um ninho. Bem ali. Observando, vejo muitos fósforos. Entre os papéis, duas agendas telefônicas. Algumas folhas rasgadas, de uma revista “orientada para o público masculino” , colorem o chão com tons cor de pele. Uma calça jeans forrava o ninho.
O dono de uma loja ao lado passa, estou tragando o final do cigarro. Penso alto comigo, “um ninho de gente!”. Fico consternado com minha descoberta digna de um documentário sobre animais da BBC.
“Vixi, e essa sujeira?”
“Pois é....”
“Mancada. Por que os caras fazem isso?”
“Deve ser fantasia sexual: fazer sexo como mendigos na frente de uma loja qualquer. A classe média, e média alta, como nós, têm esse hábito de desenvolver válvulas de escape para compensar as frustrações cotidianas. Algumas vezes estas válvulas se manifestam na forma de representar e praticar o coito.”
“Como?”
“Se você come? Não sei, mas ali alguém comeu, provavelmente.”
“Do que você tá falando?”
“Não sei.”
É claro que sei. Acendo mais um cigarro. Aquela estaca de culpa social atravesa o peito. Por um instante, ouço aquela voz de narrador de documentário falando: “algumas vezes esses misteriosos animais aparentam sentir culpa e remorso”.
Cara, era um ninho de gente.