quarta-feira, 13 de julho de 2011

Só para tirar a poeira dos teclados.

Fiquei a tarde inteira pensando em escrever um ensaio em sociologuês sobre o poder de anulação de um uniforme, hierarquia, personificação de cargos públicos... mas acabei desistindo. Talvez adiando.
Me perdi pensando em um monte coisa, pensar é uma coisa natural quando se está demasiado ocioso. E olha só, sou um pequeno funcionário público, com merda nenhuma de função e tempo demais para pensar. Me perdi pensando, e me encontrei em um quarto ligeiramente abafado pela noite quente mariliense. Me faz companhia um gato (sim, um animal) de 7 quilos e pouco, um tanto quanto carente, que faz parte da minha vida há algum tempo. Talvez eu não saiba com precisão o tempo, eu não sou muito bom com datas.
Datas se perdem na minha cabeça como idéias. Eu até esqueci sobre o que eu estava escrevendo e esqueci sobre o que eu queria escrever.
E é assim. A gente esquece.
Mas vez ou outra se lembra. Um flash, um blink, e olha ali... está ali. Do seu lado novamente. O quê? Eu não sei. Mas vez ou outra vem. E vai. E volta.
Sabe, grandiosidade nunca foi comigo, manja? Quando era criança até sonhava em ser alguém famoso. Nos meus sonhos de adolescência talvez ser um grande músico, um grande autor quem sabe, mas ser uma grande pessoa algumas vezes me contentou.
E às vezes eu me pego mentindo para mim mesmo, dizendo que não me importo mais com isso. Acabei de fazer isso, né?
Acho que me importo. Talvez todo mundo se importe, é uma constante da nossa sociedade, né? Algo como um "sucessômetro", uma barrinha amarela que sobe e desce, conforme os aplausos da galera.
A grama do vizinho sempre é mais verde, né não? O sucessômetro dele sempre está mais cheio. A platéia sempre aplaude ele.
O gato dormiu. Embolado nele mesmo, para ele. Ignorando minha existência. E eu disse que ele era carente? Acho que não. Talvez eu seja, não é mesmo? Talvez nós sejamos, projetando nos outros o critério para o nosso sucesso.
Queria dormir, embolado em mim mesmo, para mim mesmo. Mas eu sempre durmo esticado, de braços abertos.
Me perdi novamente. Mas logo eu me encontro em outro flash. Em um quarto abafado, ou sob a sombra de uma árvore, vestindo um uniforme que esconde meu rosto e me vincula à um cargo que não diz nada a ninguém.

Só para tirar a poeira dos teclados. Logo eu posto algo com sentido. Prometo.

Tá, não prometo que vai ter sentido, mas logo eu posto outra coisa então.