Curvou-se diante dos fatos. O velho tinha razão. Não realizara nada de útil em todos os seus miseráveis anos de vida. Fitou os olhos do juiz mais uma vez antes de olhar para o chão e ver sua sombra se alongar até os pés do ancião. Seus olhos fundos cravados no rosto magro surrado pelo tempo lançavam sobre ele um olhar misto de pena e repreensão.
Tentou apoiar-se sobre os joelhos, mas eles fraquejaram. Sua vontade lutava contra o corpo arcado, implorando por clemência. Não conseguiria se levantar. Tal como Atlas, seu mundo de erros pesava demais sobre os ombros. Não conseguiria se livrar das amarras, assim como Prometeu seria devorado diariamente pela culpa.
Cravando sua mão sobre a terra molhada pelas lágrimas, reúne forças para tentar se levantar mais uma vez. Com dificuldade se mantém em pé: uma força descomunal o puxa para baixo. Orgulhoso ostenta um sorriso malicioso de satisfação e desespero.
O ancião o olha com mais desprezo.
- Haverá de cair muito mais. Sete vezes te derrubarão.
- Então sete vezes me levantarei e sete vezes me vingarei daqueles que me derrubam.
- Que assim seja. E sete vezes se vingará de ti mesmo.
E suas pernas fraquejaram novamente.
Queda número 1.