Ainda escutou um último choro do pobre cachorro, mas resistiu. Não desamarrou a boca dele. E assim ela ficaria, amarrada. Confiou ao velho do tempo a guarda do animal. Os olhos tristonhos do bicho, quase o convencem a voltar atrás. Mas opta pelo silêncio.
Silêncio irritante, quase insuportável, mas necessário: não queria o cachorro brandindo e babando sobre os outros, não o queria ferindo as pessoas, não o queria ferido. Suporta a falta do animal urrando em seu peito, vociferando e faminto, pela expectativa de um dia poder deixá-lo ver o sol. E talvez ele o veja: brilhando em vermelho, radiante.
Em silêncio, ele tenta dizer o indizível, explicar o inexplicável, tenta decifrar o enigma dos olhos da esfinge: o silêncio é a forma de dizer que se importa.E de todas as palavras que ele poderia um dia ter dito, nenhuma terá mais sinceridade e altruísmo que o silêncio de seu cão, guardado pelo velho do tempo...
E fez-se o silêncio...
Um comentário:
Muito bom!!! Billy!!!!
Postar um comentário