sexta-feira, 18 de setembro de 2009

One thousand cigarretes?

É quase um ritual.
Sentado observo as bolhas da coca no copo subirem para não se sabe onde. Pego o último cigarro do maço. Observo ele. Estalo o isqueiro três vezes.
Prendo o cigarro nos dentes, uma música que gosto começa a tocar. Acendo o derradeiro.
Sentado na sala, trago pacientemente o cigarro. A brasa brilha, caminha em direção ao filtro, a fumaça dança e desaparece no ar...
Olho o maço: a bolinha vermelha que me acompanhou durante anos, companheira na felicidade, na ansiedade... ele me olha com uma cara tão triste...
Mas você sabia que isso ia terminar um dia, não me olhe assim.
Vai ser o último beijo, acabou.
Sei que sempre tive uma queda por você, sempre tive recaídas, mas você sabe como estou agora, sabe que estou decidido a terminar isso.
Não fumo inteiro, o derradeiro, não apago ele no cinzeiro. Isso não é forma de terminar um relacionamento.
Tomo um gole de coca e espero. Observo ele apagar sozinho no cinzeiro: a brasa devorando a si mesma, se consumindo, morrendo...
E esse foi o último beijo. Acabou.

4 comentários:

Michele disse...

ACABOU!!!!!!!!!!!!!!
Me sinto tão orgulhosa! Vc merece um prêmio!!!

Anônimo disse...

Não fosse o dito cujo, eu me emocionaria... =oP

Nada disse...

Gostei das nem tão sutis analogias com outros vícios de nossa vida.

Nada disse...

P.S. E gostei de ter sido o último!