sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

E é só

Sempre gostei da metáfora "o céu chora" para falar sobre a chuva. Mas eu pensei em outra ontem, enquanto voltava para a casa depois do trabalho. A chuva era fina, uma cortina branca, e no céu de Marília, um céu bonito devo confessar, já se via o arco-íris. Pensei em algo do tipo "o céu saliva" de vontade, ele nos deseja.
Uma vontade de devorar, engolir todos nós. Quase me convenceu.
Ouvindo empty walls agora de noite, já penso diferente. O céu não saliva de vontade, ele cospe sobre nós, ele vomita: vociferando as frustrações das nossas lembranças, urra em trovões, se debate de ódio em relâmpagos que rasgam o céu e tocam o chão. Ele despreza, não deseja.
Eu tento ver além dessas paredes vazias. Mas me parece que, como em rejection role, estamos aqui só matando tempo, olhando essas paredes pálidas, vis, derramando areia na ampulheta até o fim.
Nada com nada. Só chuva lavando e espalhando saliva, lágrimas e indiferença.
Nada com nada. Só vontade de ficar sentado, esperando o tempo passar.
Nada com nada. Só falta de inspiração para coisas legais.
Nada com nada. Só isso.
E é só.

Um comentário: